quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Hospital confirma morte de jovem que estava em coma após lipo


Nayara Patracão teve complicações durante cirurgia em Descalvado (SP).
Internada há um mês, manicure de 24 anos teve parada cardiorrespiratória.

A manicure Nayara Patracão teve parada cardíaca durante lipoaspiração em Descalvado (Foto: Arquivo Pessoal)Nayara Patracão teve parada cardíaca durante uma
lipo feita em Descalvado.
A Casa de Saúde de São Carlos (SP) confirmou a morte de Nayara Patracão na tarde desta quinta-feira (7). Em coma há um mês, a manicure de 24 anos estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após sofrer complicações durante uma lipoaspiração, em Descalvado (SP). Nayara teve uma parada cardiorrespiratória e morreu às 14h20, mas a assessoria do hospital comunicou a imprensa por volta das 16h.
Segundo o boletim enviado pelo hospital, todos os procedimentos de reanimação foram tomados pelos médicos de plantão. "Em função do estado gravíssimo em que já se encontrava a paciente, não houve qualquer tipo de resposta", diz um trecho da nota.
Internada há um mês
Na manhã desta quinta-feira, o hospital havia divulgado um boletim informando que o quadro de Nayara estava inalterado e não tinha evolução. Exames feitos no dia 19 de janeiro mostraram que uma pequena artéria irrigava seu cérebro, o que descartava quadro de morte cerebral.
O cérebro da jovem possuía um edema grande e apenas 1% estava em funcionamento. Em entrevista ao G1 na manhã desta quinta, a mãe de Nayara, Lucimara Francischini, comentou sobre a esperança que tinha na recuperação da filha.  “Os médicos não passam muita coisa positiva pra gente porque não podem alimentar esperanças, mas eu creio em Deus e é Ele quem está cuidando da vida dela agora”, disse.
Nayara era mãe de um bebê de 9 meses e de uma menina de 4 anos, que estão sendo poupados pela avó. “É difícil ver a menina toda noite antes dormir pedindo a presença da mãe. Eu sempre digo que ela está doente e que está dormindo, mesmo sabendo que no dia seguinte ela vai perguntar se a mãe já acordou”, falou.
Procurada pelo G1 após a confirmação da morte de Nayara,  Lucimara preferiu não se pronunciar no momento. O horário e local do velório ainda não foram divulgados.
O caso
A jovem realizou uma cirurgia em Descalvado para a retirada de gordura na região das costas, mas sofreu complicações durante o procedimento. Segundo o cirurgião plástico Vicente de Paula Ciarrochi Júnior, responsável pela lipoaspiração, ela teve um mal súbito.

Transferida para São Carlos, a manicure chegou a ser diagnosticada com morte cerebral, segundo a mãe. Mas, uma junta médica contratada pela família descartou essa possibilidade no dia 16 de janeiro.

Dois dias depois, o diretor superintendente da Casa de Saúde, Fernando de Lucca, afirmou em entrevista coletiva que em momento algum foi constatado por nenhum médico do hospital que a manicure teve morte cerebral.


O cirurgião Ciarrochi Júnior avalia que houve precipitação por parte da equipe médica ao informar à mãe que a jovem teve morte cerebral. Segundo ele, pode ter havido uma interpretação equivocada da família.

Lamento muito
por:Sabrina

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Com 'força de Deus', mãe que perdeu 2 filhos em incêndio tenta seguir vida


Elaine Marques Gonçalves mãe de duas vítimas de incêndio em Santa Maria (Foto: Tatiana Lopes/G1)
Primeiro Deives, depois Gustavo. Dois dos quatro filhos de Elaine Marques Gonçalves, 61 anos, que estavam na boate Kiss na madrugada do dia 27 de janeiro, morreram em razão do incêndio que atingiu o local. Uma semana após a tragédia, a mãe recebeu o G1 em sua casa, no bairro Perpétuo Socorro, em Santa Maria, Rio  Grande do Sul, para mostrar como tenta retomar a vida. Ela busca apoio na fé, na família e no carinho de pessoas desconhecidas que oferecem ajuda em meio ao sofrimento causado por sentimentos que se misturam: saudade e revolta.
Essa força é de Deus", explicou Elaine ao ser questionada sobre suas reações desde o dia do primeiro velório. Foi ela quem confortou amigos e familiares que não conseguiam conter as lágrimas. A força da mãe contagia a todos que a cercam. "Me doía ver aquele sofrimento, eles estavam chorando junto comigo, pelos meus filhos. Foi disso que tirei forças", completou.

Morreram 237 pessoas que estavam na boate naquela noite. De acordo com a última atualização da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, 114 feridos seguem internados em hospitais.

Na casa humilde, mas aconchegante, Elaine guarda os pertences dos filhos que ainda moravam com ela. Deives Marques Gonçalves, de 33 anos, foi velado no domingo, dia da tragédia. O irmão, Gustavo Marques Gonçalves, de 25 anos, morreu dois dias depois. Ele havia sido transferido para Porto Alegre, mas não resistiu. Fotos dos dois estão dispostas pela residência. Nos quartos, roupas de cama, roupas do dia a dia e objetos variados continuam nos lugares em que estavam. Algumas coisas, segundo a família, serão doadas a abrigos da cidade.
Fotos de Deivis Marques Goncalves e Gustavo Marques Gonçalves, vítimas de incêndio em Santa Maria (Foto: Tatiana Lopes/G1)Mãe mostra fotos de Deivis e Gustavo Marques
Gonçalves, vítimas de incêndio em Santa Maria.
Sentada no sofá com a neta Julia, que completa seis anos em abril, Elaine tomava chimarrão e lembrava de Deives, seu "companheiro de mate" diariamente. Julia é filha de seu filho mais velho, Jean, de 36 anos, com a mulher Simone. Eles estão na casa de Elaine para fazer companhia nestes dias difíceis. Na mesma casa mora a outra filha, Daniele, de 31 anos.
Durante a conversa, Elaine lembrava de histórias que viveu com Deives e Gustavo. O mais velho, "mais dependente", segundo ela, passou por dificuldades em 2007. Teve diagnosticada uma trombose, que curou após cinco dias de internação no hospital. Para pagar o tratamento, a mãe recebeu ajuda de uma família de amigos para quem já havia trabalhado. Com R$ 250, ela pagou exames e terminou o tratamento do filho.

Ela contou que sempre viveu para os quatro filhos. "Sempre fiz de tudo para eles, sempre quis o melhor e que eles tivessem estudo", disse. Antes do incêndio na Kiss, Gustavo trabalhava como vendedor em uma loja no Royal Shopping, em Santa Maria. Deives estava desempregado e tinha planos de voltar a estudar. Ele chegou a cursar Administração no Centro Universitário Franciscano (Unifra), também no município, mas não conseguiu conciliar devido ao horário do trabalho na época. A família não tinha condições de pagar a universidade particular.